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Dois poemas de Sarah Israel


Markus Spiske ©


internação


houve aquele afastamento

barreiras de outra mente

não me recomendo o isolamento

ele já não estava mais com a gente

os fantasmas até apareciam

mas eram coisas de uma cabeça

fétidos, tortos, invisíveis ou apodrecendo

eram um retrato de estranhezas

não mais os nervos havia o deixado

no presente momento

todos os dias se tornaram domingo

ninguém mais fala contigo

não há doutor para te ver agora

e por mais que quiseste ficar

tu já foste embora

os litros de água se acumulam

assim como as músicas

não mais cantadas

não haverá mais fome ou briga

nem medo de outros muros

não precisa mais escovar de dentes

morreu com nome

mas morreu sem saber o que realmente

foi

o afastamento final foi perverso

a realidade dolorosa está mesmo aberta

Deuses, foram mais infecções

e menos enfermeiros

ângulos diferentes

e feridas abertas

além de números, agulhas

e mais barreiras e muita espera

sem gritos para validar qualquer sofrimento.

morreste no mundo

mas continua vagando em meus versos.




a cera do bloco mágico ficou marcada


e não consegue processar mais nada

nem certas coisas que vem e voltam

vem e voltam

vem e voltam

vem e voltam vem e voltam vem e voltam, vem e voltam.



_

Sarah Israel pode ser muitas coisas e nada também. Pode ter graduações no público e no privado, tentativas mil de muito ou pouco, pinturas em quadros, até parto, anel, o chão e o céu. Mas o que a importa é que seja lida. Lida porque é assim que consegue transmitir alguma emoção, deixar um pouco de si, sem nem saber quem a toca pelos olhos e a comporta ali dentro, dando algum sentido ao que fora lido de si.

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