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Três poemas de Ana Carolina Francisco



Pátria amada, idolatrada, Salve, Salve!


Abaixamos a palmeira imperial

O vento que ecoa de longe

Arrepia pele nua

Som de canhões abafados cortam canto de sabiás

Céu límpido, sem festejos

O choro da censura chega

E os dias dão ré...

Sinto na pele seu roçar

Áspero, o gigante há tempo se deitou

Com ordem esconderam sua bandeira

Progressivamente o empurram para trás

Dele, o amor foi arrancado

E as armas que para ele primeiro apontaram

Estavam todas em nome do bom Senhor

Mas o filho com a pele da noite

Permanece sob a dor

Em pilhas eles sobem ao céu

Jorrando o sangue que rega essa terra

"Tudo cresce aqui", bradam os estrangeiros

E eu vejo em papel ele chegar

Com coxinhas preparadas em cada bolso

Juntos dominaram o outro

Carregados pelo mesmo vento distante

Fincam aqui a bandeira

De tanto vermelho sangue e madeira

Chamam o lugar de Brasil

E o povo de João soberano ao lado dele clama

Ao armar-se contra irmãos

Bandido bom é bandido morto

Joias brasileiras se vão em caravelas estrangeiras

Somente o vira-lata aqui foi deixado

Abanando o rabo, ele late: Diga ao povo que fico.





Descobertas


Desejo-te tanto e subitamente

Que me assustei ao perceber

Ter eleito teu corpo morada


Abraço e me deito em tuas camadas

Acalentada por juventude

Firme e majestosa


Teu peito não me oferece muito

Sem minhas guerras, borboletas e estrelas

Há apenas o constante pulsar

E a força de um coração


Prefiro-te ao mundo





Espere


Apenas alguns elementos nos separam

O ar espesso que sai em suspiros de saudade

E que ocupa tanto espaço entre nós

A terra que enraíza pés

E que impossibilita nosso encontro

A água que mesmo em abundância

Deixa nossos lábios sedentos

O fogo é o único que jamais atrapalha

Sendo chama na ardência de dois corpos

Que cismam em se incendiar





_

Ana Carolina Francisco é formada em jornalismo pela PUC-RIO e apaixonada por brincar com palavras. Publica poemas autorais em sua conta do Instagram (@_entre_palavras). Já teve poemas publicados na revista Mallamargens, selo off-flip, na revista estadunidense Envelope, e no blog da Macabéa, na edição da escritora Susana Fuentes.


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