Todos os dias milhares de mulheres vivem à mercê de seus homens De seus humores, de suas vontades, de seus caprichos Acuadas, encurraladas Tratadas como bicho Todos os dias milhares de mulheres Inventam desculpas para aguentar mais um pouco Ele estava nervoso, ele trabalha demais, ele se preocupa tanto, não fez por mal, foi no calor do momento Desculpas para não se desmanchar de tanto lamento Todos os dias milhares de mulheres Tremem de medo Porque elas sabem, consciente ou inconscientemente, que em sistema machista, patriarcal e falocêntrico Mulher não tem sossego Todos os dias elas sabem Porque aprenderam desde cedo Que mulher que pensa, e fala o que pensa, não tem arrego Todos os dias milhares de mulheres Morrem um pouco Silenciadas, desmoralizadas, humilhadas, esculachadas, xingadas VIOLENTADAS! Agredidas com punhos ou palavras Morrem ou murcham Em segredo Mas há aquelas que continuam vivas Com pedaços amputados de alma Marcas que unguento nenhum sara Mas vivas Com raça, raiz e raiva E gritam E choram Dançam E lutam Por nenhuma mulher a menos!
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Juliana Dacoregio é jornalista e escritora, autora de Diários do purgatório (2012) e Alma nua (2020). Purga seus fantasmas e desnuda-se em redes sociais, diários, autorretratos, bilhetes e papéis soltos onde vai juntando as pontas do seu mistério: o tornar-se e ser mulher.
Apenas um dos tantos textos incríveis que ela escreve.
Parabéns, Ju! Sucesso!!!
Obrigada amiga!
Muito bommm!!! Que orgulho de ti amiga Juliana Dacoregio parabéns!!!!!