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Movimento negro nos EUA – artigo



1. A história do afro-americano no pós-abolição


1.1 Do período da Reconstrução ao despertar dos movimentos por direitos civis

A tarefa de datar precisamente o início das reivindicações por direitos civis da população negra nos Estados Unidos certamente não é fácil. Embora seja frequentemente associada às décadas de 1950 e 1960, entre os historiadores e pesquisadores do assunto não existe um consenso, principalmente porque datar com precisão o nascimento de um movimento de proporções tão grandiosas seria limitá-lo a um espaço amostral com prazo de validade, ignorando assim todo o processo de luta que antecedeu as datas citadas. O movimento, certamente, fez reverberar as reivindicações de milhões de afro-americanos que se sentiam preteridos pelo sistema de exclusão que viviam desde o fim do regime de escravidão.


A Lei de Emancipação dos escravos foi aprovada no Parlamento em janeiro de 1863, porém, somente com o fim da Guerra de Secessão, em 1865, passou a vigorar sendo oficialmente incorporada à Constituição norte-americana, enquanto uma 13ª Emenda: "Não haverá, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar sujeito a sua jurisdição, nem escravidão, nem trabalhos forçados, salvo como punição de um crime pelo qual o réu tenha sido devidamente condenado. O Congresso terá competência para fazer executar este artigo por meio das leis necessárias". (1) No entanto, o fim da escravidão não significou uma plena integração dos negros à sociedade, principalmente após a morte do presidente Abraham Lincoln, responsável por levar o debate abolicionista ao Congresso. A marginalização estrutural da população afro-americana – principalmente no sul do país - se tornou concreta após o período da Reconstrução (1865–1872) (2), quando os antigos Estados Confederados criaram leis segregacionistas, conhecidas popularmente como "Jim Crow" – o nome faz referência à imagem de um corvo (crow), comparando-o com um negro –, que tinham como principal característica a restrição de liberdade da população negra norte-americana em diversos aspectos. A partir dessas leis, os negros e negras que residissem em estados que as adotassem não poderiam possuir armas de fogo, atuar em determinados setores da sociedade ou se casar com pessoas brancas. Não lhes foi garantido também qualquer acesso a terras ou moradia. (3)


Os ex-escravos foram considerados inferiores pela população branca mais conservadora, e suas justificativas encontravam respaldo nas teorias raciais – fortalecidas no final do século XIX – comumente utilizadas para comprovar que o negro era biologicamente inferior ao branco. Para se compreender melhor esse aspecto, aludimos à historiadora Lilia Moritz Schwarcz, no livro Dicionário da escravidão e liberdade, que afirma que:


O tema da igualdade estava outra vez em questão: não mais por causa do sistema escravocrata, mas agora em nome da ciência e da biologia, que determinava de maneira categórica que "os homens não nasciam iguais". (...) Raça, entendida nessa perspectiva biológica, por incrível que pareça, é ainda hoje um conceito poderoso, e persiste como construção histórica e social; matéria-prima para o discurso das nacionalidades e marcador social de diferença que identifica e classifica pessoas e situações. (4)

De acordo com dados do Tuskegee Institute, no Alabama, de 1882 a 1968 3.446 negros foram linchados nos EUA, e nem todos os crimes ocorreram nos estados do Sul. O estado recordista é o Mississipi, com 539 mortes. (5) Esses crimes eram arquitetados, na maioria das vezes, por grupos extremistas que pregavam o ódio à população negra, o principal deles foi a Ku Klux Klan: organização racista criada em dezembro de 1865 em Pulaski, no Tennessee, com o propósito de proteger os Estados Unidos do que eles acreditavam ser uma ameaça à supremacia da raça branca. O clã é classificado por diversos historiadores como um grupo de extrema-direita que se utiliza de práticas terroristas para perseguir, linchar e assassinar negros, colocando-lhes terror e intimidando os brancos que fossem favoráveis às causas desses negros. Seus membros eram, majoritariamente, ex-soldados da Confederação inconformados com o resultado da Guerra Civil, buscando, assim, fazer uma suposta "justiça com as próprias mãos". Para cometer os atos terroristas, eles se vestiam com uma roupa branca que carregava o símbolo de uma cruz envolta de um círculo vermelho e um capuz branco pontudo sobre a cabeça para encobrir suas respectivas identidades. Suas ações foram observadas ao longo de todo o século XX.


Contrariando as estatísticas e a opressão diária, a população negra conseguiu resistir de diversas formas: pregando o retorno ao continente africano, propondo boicotes econômicos, buscando alívio espiritual na religião (geralmente protestante) ou criando manifestações artísticas como forma de expressão de sua cultura. Porém, sem o respaldo de órgãos governamentais, as demandas pelo fim do regime segregacionista foram ficando silenciadas e esquecidas por uma política que, além de ser majoritariamente composta por pessoas brancas, carregava fortes heranças escravocratas. As investigações policiais passaram a ser voltadas para os crimes cometidos nas periferias, que iam se formando conforme a exclusão sistemática de negros e imigrantes. Esses criminosos ficaram conhecidos posteriormente como predadores ou superpredadores. (6) A partir da década de 1950, com a expansão de episódios racistas protagonizados por órgãos do Estado, e principalmente pela polícia, as iniciativas de resistência se tornaram mais frequentes e organizadas, além de ganharem apoio midiático, dando origem ao que entendemos como o movimento por direitos civis, encampado por diversos grupos que se valeram de múltiplas estratégias para chegar a um denominador comum: a emancipação definitiva de negros e negras na sociedade estadunidense.


É defendido por alguns estudiosos que o evento divisor de águas para o início do desmoronamento do sistema Jim Crow é a insípida vitória da NAACP (National Association for the Advancement of Colored People) no caso Brown vs. Board, em que a Suprema Corte dos Estados Unidos declarou a inconstitucionalidade do lema "separados mas iguais", que até então considerava que a segregação espacial entre brancos e negros não significava inerente sinal de inferioridade. A Corte entendeu que para se fazer cumprir a 14ª Emenda - que garantia que nenhum estado poderia fazer ou executar leis restringindo os privilégios ou as imunidades de quaisquer cidadãos do país – as escolas do país deveriam encorajar um sistema sem divisão racial, sendo assim, passou a incentivar pais de alunos negros a tentarem matricular seus filhos em escolas para brancos. Oliver Brown, cidadão negro do Estado do Kansas, concordou em tentar matricular sua filha Linda Brown em uma dessas escolas. Diante da recusa em admiti-la, este pai, amparado por Thurgood Marshall, advogado vinculado à NAACP, levou à Suprema Corte uma ação reivindicando o reconhecimento de que a segregação racial nas escolas era incompatível com a 14ª Emenda. O caso foi julgado pelo juiz de primeira instância Earl Warren, que confirmou a inconstitucionalidade presente na existência de escolas para brancos e escolas para negros e reconheceu a importância do acesso à educação de qualidade para a formação dos cidadãos norte-americanos, assim como os impactos negativos causados por uma segregação escolar. A decisão da Suprema Corte foi considerada por muitos políticos uma intromissão desagradável na soberania dos estados, garantida na Constituição Federal.


Com o sistema Judiciário dos EUA favorável ao desmonte das leis segregacionistas, uma guerra interna e silenciosa foi travada dentro dos setores políticos como um claro reflexo das manifestações que se tornavam cada vez mais comuns nas ruas. A entrada de estudantes negros em colégios brancos, e posteriormente em universidades, inaugurou uma nova era na sociedade estadunidense, concedendo propriedade intelectual para esses grupos que, com o acesso à educação de qualidade, começaram a protagonizar uma luta ideológica dentro das elites intelectuais do país. Os movimentos negros que iam surgindo dentro do ensino superior se mostravam categóricos e articulados, conseguindo promover um diálogo entre as ruas e as páginas dos livros. Com isso, as leis segregacionistas sofreram gradativamente duras quedas até a década seguinte, quando seriam definitivamente extintas. (7) As reações dos grupos políticos conservadores não foram das mais amistosas:


O Partido Republicano baseou sua proposta e seu programa [nas eleições de 1964] no racismo, na reação e no extremismo. Todas as pessoas de boa vontade assistiram alarmadas e preocupadas ao casamento frenético, realizado no Cow Palace, da KKK com a direita radical. O "padrinho" dessa cerimônia foi um senador cujos histórico de votos, filosofia e programa eram um anátema de todas as conquistas com dificuldade na última década. Foi ao mesmo tempo triste e desastroso que o Partido Republicano indicasse Barry Goldwater como candidato à presidência dos Estados Unidos. Em política externa o sr. Goldwater defendia um nacionalismo estreito, um isolacionismo paralisante e uma atitude beligerante que poderia fazer o mundo mergulhar em um abismo sombrio de extermínio [da população negra]. (8)

Um episódio na noite do dia 1º de dezembro de 1955 mudaria drasticamente a forma como o movimento pelos direitos civis seguiria dali em diante. O apoio demonstrado no tribunal em 1954 fez com que a comunidade afro-americana se sentisse mais amparada na resistência contra o sistema Jim Crow. Paralelamente, os grupos conservadores continuavam destilando ódio, e a polarização ideológica tomava conta do país. O episódio citado aconteceu em Montgomery, quando uma senhora negra chamada Rosa Parks embarcou num ônibus para voltar à sua casa depois de mais um dia exaustivo de trabalho. Cansada, ela se sentou em um dos bancos na parte dianteira do ônibus, reservado para brancos. O motorista pediu-lhe, então, para que levantasse e se dirigisse para a parte traseira do ônibus, destinada às “pessoas de cor”. A sra. Parks recusou o pedido e acabou sendo presa, gerando indignação e revolta em toda a comunidade negra da cidade, onde ela era respeitada e admirada. Sobre esse episódio, cabe a colocação:


É impossível entender o ato da sra. Parks até se perceber que um dia a xícara da paciência acaba entornando e a personalidade humana solta um grito: "eu não aguento mais isso". Sua recusa em passar para a parte traseira foi uma afirmação para o mundo, intrépida e corajosa, de que ela atingira seu limite. (Não, ela não foi colocada lá pela NAACP nem por qualquer outra organização; foi colocada lá pelo seu senso de dignidade e respeito próprio.) Foi uma vítima tanto das forças da história quanto das forças do destino. A sra. Parks era ideal para o papel que lhe foi atribuído pela história. Seu caráter era impecável e sua dedicação profundamente enraizada. Todas essas características tornaram-na uma das pessoas mais respeitadas na comunidade negra. (9)

A cidade de Montgomery situava-se no Estado do Alabama, no sul do país. A repressão policial se negava a recuar, mesmo com a insatisfação de parte da população. Devido ao fato, um pastor local, Edgar Daniel Nixon, pagou a fiança de Rosa Parks, mas seu julgamento foi marcado para o dia 5 de dezembro, uma segunda-feira. Nixon, inconformado, teve a ideia de promover um boicote aos ônibus da cidade como forma de protesto ao episódio do dia 1º. Ele apresentou sua proposta para outros pastores, dentre eles L. Roy Bennett, Ralph Abernathy e Martin Luther King Jr., que aceitaram a adoção dessa estratégia e distribuíram panfletos convocando a população aos atos de recusa à utilização dos transportes públicos. No dia do julgamento, toda a população negra da cidade se dirigiu aos seus respectivos trabalhos a pé, de táxi ou pegando carona. (10)


O boicote durou mais de onze meses, quando, finalmente, no dia 13 de novembro de 1956, a Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucional a segregação espacial nos transportes públicos do país. Porém, o caminho percorrido até essa data não foi amistoso para os pastores à frente da ação conjunta. No dia 30 de janeiro de 1956, com um pouco mais de um mês desde o julgamento, a casa de Martin Luther King foi bombardeada; duas noites depois, foi a vez da residência de E. D. Nixon sofrer um atentado. As lideranças do Alabama, apesar da resposta violenta, mantiveram o discurso de que esse não era o caminho; os protestos pacíficos e a desobediência civil foram os principais recursos utilizados na manutenção da luta. Além da campanha de Montgomery, que adquiriu importância fundamental ao trazer para a cena dos EUA o nome de Martin Luther King, a década de 1950 foi permeada por outros episódios não menos importantes que colaboraram para o fim da segregação racial no país.


Ainda em 1955 a tortura e o assassinato do jovem Emmett Till chocaria a imprensa nacional. Morador de Chicago, o adolescente de catorze anos passava as férias na casa de alguns parentes, no Mississipi, quando em um passeio com outros dois amigos ele assobiou para uma mulher branca, Carole Bryant. Embora tenha havido divergências quanto à conduta de Emmett no dia de seu assassinato, 24 de agosto – seus amigos apontaram apenas um inocente flerte, enquanto Carole o acusou de assédio sexual –, o episódio foi suficiente para que Roy Bryant, marido de Carole, e seu meio-irmão, J. W. Milam, perseguissem e torturassem o jovem – negro - até a morte. No julgamento, apesar de todas as evidências os apontarem como culpados, ambos foram inocentados diante de um júri exclusivamente branco e masculino. A brutalidade do crime somada ao descaso das autoridades fez com que esse episódio ficasse marcado como um dos principais símbolos dos horrores causados pela segregação racial no Sul. Mamie Till, mãe de Emmett, inconformada com o corpo do filho totalmente desfigurado, pediu um funeral com o caixão aberto, para que todos pudessem testemunhar a tamanha violência pela qual seu filho passara. Imensas filas se formaram no enterro, levando o caso a ser discutido por todo o território dos EUA. (11) Sessenta anos depois, a acusadora foi a público para revisitar a história e confessou ter mentido sobre o assédio sexual, inocentado o jovem Emmett. (12)


Os exemplos expostos podem acabar nos induzindo a pensar que os problemas raciais aconteciam somente no Sul do país, o que não se fazia real. Apesar das leis segregacionistas vigorarem apenas nos estados citados, o Norte absorvia grande parte do preconceito, fazendo com que a segregação e a desigualdade racial acontecesse também sob outras condições. Durante os anos em que os EUA participaram da Segunda Guerra Mundial, uma série de postos de trabalho surgiram ao longo de todo o território norte-americano, principalmente no setor industrial – concentrado no Norte –, fazendo com que muitos afro-americanos migrassem para as regiões nortistas em busca de melhores condições de vida. Conforme se mudavam para os bairros menos favorecidos, observava-se um movimento de desvalorização ainda maior das propriedades, além de uma "fuga" da vizinhança branca, que não achava apropriado dividir o espaço com cidadãos negros. Essa relação também acontecia dentro das fábricas, onde operários brancos passaram a se recusar a trabalhar ao lado de operários negros, causando uma série de conflitos. O caso mais famoso foi em Detroit, em junho de 1943, quando 34 pessoas morreram – 25 negros e 9 brancos – por conta de confrontos oriundos de uma agressiva resistência branca à mão-de-obra negra nas esteiras de montagem. (13)


Entretanto, foi também nos estados do Norte que grande parte dos núcleos de resistência ao racismo ascenderam. O bairro do Harlem, situado em Nova York, foi o principal exemplo desses espaços. Desde 1910, o local recebia um grande número de negros que saíam de áreas rurais do Sul em busca de oportunidades. Os guetos do Harlem foram, além de centro político da população negra, motivo de temor para os novaiorquinos brancos, que enxergavam ali uma ameaça ao status quo que consolidou as bases da nação. A alta taxa de imigração, somada aos índices de transferência interna de negros para aquela região, fez crescer os estereótipos que acompanhavam a cidade. No filme "Gangues de Nova York", lançado em 2002, pode-se observar o estigma que acompanhava essa população marginalizada. Na maioria das vezes eram tratados como criminosos violentos que ameaçavam a integridade do país. Durante o período da Grande Depressão, foi criado o Sindicato Trabalhista do Harlem, que organizava piquetes à entrada de lojas de brancos que se recusavam a empregar negros. Na década de 40, um pastor da Igreja Batista chamado Adam Clayton Powell Jr. organizou protestos contra a violência policial imposta no bairro e a discriminação nos empregos. (14) Na década seguinte, o brutal assassinato de Emmett Till também repercutiu no Norte, fazendo com que mais de dez mil pessoas fossem às ruas para protestar contra a absolvição dos acusados de matar o adolescente. Ainda no Harlem, uma notável liderança iria surgir. O ex-presidiário Malcolm X, que por meio da Nation of Islam (NOI) assumia uma posição de liderança popular frente aos inúmeros casos de segregação que se repetiam desde 1865. Diferente de Martin Luther King, Malcolm X pregava o ódio aos brancos por meio de atos violentos e discursos considerados extremistas. A diferença entre as duas frentes de resistência será melhor trabalhada no próximo tópico, possibilitando assim uma abordagem mais densa dos movimentos negros das décadas de 1950 e 1960.


1.2 As vertentes da luta pelos direitos civis dos afro-americanos


1.2.1 Martin Luther King Jr. e a desobediência civil


Filho de Martin Luther King e Alberta Williams, King Jr. nasceu em Atlanta, no Estado da Geórgia, no dia 15 de janeiro de 1929. De acordo com sua autobiografia, (15) viveu a infância numa comunidade de classe média, junto aos seus dois irmãos, Christine King e Alfred Daniel. Segundo a narrativa, levou uma vida tranquila com a família, que transmitiu os valores e preceitos cristãos ao jovem King. Seu pai, pastor da Igreja Batista e líder da NAACP em Atlanta, também disseminava aos filhos o repúdio ao sistema segregacionista que vigorava no Sul. Apesar de levar uma vida tranquila sob o ponto de vista financeiro, Martin Luther King foi afetado pelas leis Jim Crow na sua infância e adolescência, sendo proibido de frequentar as escolas para a população branca, além de parques, piscinas, teatros e cinemas públicos.


No início da juventude começou a se posicionar contra o sistema em que vivia. Aos catorze anos ganhou um concurso escolar de oratória no qual defendeu um texto autoral sobre "O negro e a Constituição", em que denunciava o sistema de miséria em que os negros viviam nos Estados Unidos. Com quinze anos ingressou na Universidade Morehouse, destinada a alunos afro-americanos. Lá, se tornou presidente do clube de sociologia e membro do clube de debates. (16) Sua experiência na faculdade foi importante, pois teve seu primeiro contato com os ideais disseminados por Henry David Thoreau sobre desobediência civil; e decidiu que seguiria carreira no sacerdócio, dando continuidade aos ensinamentos de seu pai. Dessa forma, Martin Luther King seguiu o legado familiar de conciliar a religião com a luta pelos direitos civis:


Creio que a influência de meu pai teve muito a ver com minha opção pelo sacerdócio. Não que ele algum dia tenha falado comigo com a intenção de eu vir a me tornar um sacerdote, mas minha admiração por ele foi o grande fator motivador. Ele deu um nobre exemplo que não me incomodava seguir. Ainda sinto os efeitos dos nobres ideais morais e éticos sob os quais fui criado. Eles têm sido verdadeiros e preciosos para mim, e mesmo nos momentos de dúvida teológica nunca me afastei deles. Aos dezenove anos concluí a faculdade e estava pronto para entrar no seminário. (17)

Mesmo com sua formação enquanto seminarista, King jamais deixou a carreira acadêmica de lado. Em 1954, já prestes a terminar seu doutorado, foi quando aceitou assumir a Igreja Batista Dexter, em Montgomery, Alabama. Sendo assim, quando os acontecimentos de dezembro de 1955 vieram à tona ele estava pronto para juntar-se ao movimento de boicote aos transportes públicos, aliando seus anseios por justiça racial à missão de servir à sociedade cristã. Seu nome foi rapidamente indicado para liderar o movimento, nomeado de MIA (Montgomery Improvement Association), encarregado de administrar os protestos contra a prisão de Rosa Parks e, posteriormente, a favor do fim da segregação espacial nos transportes públicos. King começou a entoar poderosos discursos frente a nova organização, e sua perspectiva quanto aos boicotes ia se transformando aos poucos e se aliando com seus estudos na universidade:


Ao continuar pensando, vim a perceber que o que realmente estávamos fazendo era deixar de cooperar com um sistema perverso e não meramente retirar nosso apoio à empresa de ônibus. Esta última, sendo uma expressão externa do sistema, naturalmente iria sofrer, mas o objetivo básico era recusar-se a colaborar com o mal. Nesse ponto comecei a pensar em A desobediência civil, de Thoreau. Fiquei convencido de que o que estávamos nos preparando para fazer em Montgomery tinha relação com o que fora explicitado por Thoreau. Estávamos simplesmente dizendo à comunidade branca: "Não vamos mais dar nossa colaboração a esse sistema perverso". A partir desse momento, passei a conceber nosso movimento como um ato popular de não cooperação. (18)

Percebendo que a desobediência civil e a série de boicotes que se seguiriam deveria ter apoio popular, King, enquanto líder do movimento em Montgomery, começou a planejar discursos inflamados, que seriam sua marca registrada e conseguiriam arrastar multidões nos anos posteriores. Na noite do dia 5 de dezembro, após o julgamento de Rosa Parks, Martin Luther King preparou o discurso que ele descreveu como "o mais decisivo de sua vida". (19) Ali já haviam traços das grandiosas aspirações do líder:


De pé e sentados aqui nesta noite, preparando-nos para o que nos espera adiante, sigamos com a implacável e corajosa determinação de permanecermos juntos. Vamos trabalhar juntos. Aqui mesmo em Montgomery, quando os livros de história estiverem sendo escritos no futuro, alguém terá de dizer: ali viveu uma raça de pessoas, um povo negro, de cabelo lanoso e pele escura, um povo que teve a coragem moral de lutar por seus direitos. E que assim injetou um novo significado nas veias da história e da civilização. (20)

O tom monumental e o apelo à História seriam traços que definiriam suas aparições públicas a partir daquele momento. Com o objetivo de levar a luta pelos direitos civis para outros lugares do país, King ajudou a criar, em 1957, a SCLC (Southern Christian Leadership Conference), órgão que iria lutar pelo fim das leis de segregação racial no Sul. Nesse momento, o pastor já era reconhecido em todo o território nacional como um defensor dos direitos civis dos negros e líder pacifista da luta pela dessegregação. Nos anos seguintes ele viajou para diversos países na África e para a Índia, a fim de observar de perto as ideias de resistência não violenta propagadas por Mahatma Gandhi. Em 1964 recebeu o prêmio Nobel da Paz, em Oslo, Noruega. No ano seguinte foi para a campanha de Selma, encabeçar as manifestações em prol da libertação definitiva dos afro-americanos. Enquanto estava em Selma, Martin Luther King recebeu a notícia da morte de Malcolm X com profundo pesar, e em seus escritos lamentou a morte do líder:


O assassinato de Malcolm X foi uma terrível tragédia. Que possamos aprender com esse trágico pesadelo que a violência e o ódio só alimentam a violência e o ódio. (...) Penso ser ainda mais triste que essa grande tragédia tenha ocorrido num momento em que Malcolm estava reavaliando seus pressupostos filosóficos e caminhando rumo a uma compreensão mais ampla do movimento não violento e a uma tolerância maior em relação aos brancos de maneira geral. Acho que uma lição que podemos extrair disso é: a violência é inviável e agora, mais do que antes, precisamos seguir o curso da não violência para atingir o reino da justiça e o domínio do amor em nossa sociedade, e o ódio e a violência devem ser atirados eternamente ao limbo se quisermos sobreviver. (21)

Para King, Malcolm X foi vítima da própria violência que ajudou a cultivar na comunidade negra. Em suas próprias palavras, defendeu que a luta pela libertação dos negros deveria ser feita de forma pacífica. Daí entra a questão religiosa, que segundo King o ajudou a ter resiliência o suficiente para não responder com mais ódio a todas as injustiças que cercavam a comunidade negra. Na visão do pastor, ao denunciar as chagas do sistema racista sem, contudo, estabelecer uma estratégia criativa de superação desses problemas, Malcolm prestava um desserviço a si mesmo e ao povo negro. Sua opinião sobre o líder político, somada à postura de desobediência civil que defendia, não o livraram de um fim trágico e controverso. No dia 4 de abril de 1968, no seio dos movimentos de contracultura durante a Guerra do Vietnã, King foi baleado na sacada do hotel em que estava hospedado na cidade de Memphis e veio a falecer horas depois. O atirador teria motivos supostamente raciais para efetuar o disparo, mas as investigações foram inconclusivas.


1.2.2 Malcolm X e a luta armada


No dia 19 de maio de 1925, em Omaha, Nebraska, nascia Malcolm Little no seio de uma família muito pobre da região central dos Estados Unidos. Seu pai, Earl Little, atuava como carpinteiro e pregador em uma igreja local. Em 1931, após se mudarem para o Michigan, Earl foi assassinado por membros da Ku Klux Klan devido às suas ligações com o movimento nacionalista negro. Por isso, sua mãe, Louise, desenvolveu doenças psiquiátricas e foi internada permanentemente em um manicômio estadual. Malcolm foi acolhido na casa de uma família branca na cidade em que moravam. Sobre esse fato, ele relata:


(...) nunca passou pela cabeça deles [os brancos em geral] que eu podia compreender tudo, que não era meramente um animalzinho de estimação, mas sim um ser humano (...) Mas, historicamente, os brancos sempre foram assim em relação aos pretos; podemos estar com eles, mas jamais fomos considerados sendo iguais a eles. Muito embora tivessem aparentemente aberto a porta, a verdade é que ela continuava fechada. Assim, eles nunca chegaram a descobrir realmente quem eu era, nunca me viram de verdade. (22)

É possível perceber que o futuro líder político, desde a sua infância, nutriu sentimentos negativos e desconfiados com relação às pessoas brancas, o que impactou diretamente a sua crença de que não existia a possibilidade real de um relacionamento igualitário entre brancos e pretos. Durante a juventude, Little foi morar com sua irmã mais velha em Detroit, onde se viu seduzido pelo dinheiro fácil que vinha do mundo do crime. Contribuindo para as estatísticas, acabou sendo preso em 1946. No período de confinamento, conheceu os ensinamentos da Nation Of Islam (NOI) e se converteu ao islamismo, modificando sua conduta. A partir daquele momento, começou a se interessar mais por História e por livros de outras áreas, desconstruindo ideias pré-estabelecidas na sociedade estadunidense. Descobriu a pluralidade de sua origem, assim como a de todos os negros que participaram compulsoriamente do processo de diáspora a partir do século XVI a fim de sustentar um sistema colonial nas Américas:


Livro após livro mostrou-me como o homem branco investira contra o mundo dos povos pretos, pardo, vermelho e amarelo, impondo todos os sofrimentos e explorações. Descobri como, desde o século XVI, o homem branco supostamente "mercador cristão" começou a percorrer os mares, em sua ânsia de dominar os impérios africanos e asiáticos, em sua ânsia de poder e pilhagem. (23)

Após a experiência na prisão, Malcolm voltou para as ruas com a missão de somar sua vivência nos guetos com a pregação religiosa. Substituiu seu sobrenome por "X" – sugerido por membros da NOI para demonstrar uma recusa aos sobrenomes dados pelos colonos estadunidenses durante o período da escravidão – e passou a reunir seguidores por onde passava. Malcolm X, ao pregar sobre miséria, desigualdade e racismo, sabia com propriedade sobre o que estava falando, viveu tudo na pele. Em 1952 se mudou para o Harlem para servir de ministro no Templo nº 7, onde conheceu sua companheira e esposa Betty X.


Por catorze anos, o Ministro Malcolm pregou para a comunidade em Nova York, elevando os seguidores da NOI de 400 para 75 mil. Porém, seus posicionamentos radicais, que defendiam pegar em armas pelo movimento dos direitos civis e ruptura total com qualquer cidadão branco, fizeram com que, em 1963, após a morte do presidente Kennedy, Malcolm X rompesse relações com Elijah Muhammad (líder do movimento). Malcolm se desligou da NOI e fundou novas organizações: Organization of Afro-American Unity (OUAA) e a Muslim Mosque Incorporated (MMI). A primeira destinada à conscientização de negros e luta contra o sistema segregacionista; e a segunda voltada para a questão religiosa, se mostrando uma alternativa à NOI. Nas oportunidades que teve de discursar diante de plateias internacionais, denunciou a hipocrisia dos EUA ao se arrogarem defensores das liberdades enquanto em seu próprio território negavam os direitos mais básicos aos seus cidadãos negros. Apesar da caminhada no islã, a tensão inerente de Malcolm com a NOI levaria a um desfecho: treze tiros dados à queima-roupa. Malcolm foi assassinado por membros da organização, no dia 21 de fevereiro de 1965.


A morte de Malcolm X causou comoções tão controversas quanto sua própria existência. Grande parcela da comunidade negra ficou em choque, alguns buscaram justiça, e outros líderes do movimento prestaram, ao menos, condolências. A comunidade negra do Harlem mostrou-se firme – mais de trinta mil pessoas foram prestar uma última homenagem a ele na funerária onde seu corpo esteve exposto. Seu legado estava apenas começando. Inspirados por suas ideias, jovens ao redor de toda a extensão territorial norte-americana começaram a ler sobre elas, e inspiraram novos movimentos em seu nome. O Partido dos Panteras Negras, fundado em 1966, demonstrou uma afro-centralidade calcada nos ideais de X. Com uma ideologia socialista, surgiu nas ruas da Califórnia e se mostrava totalmente contrário às relações exteriores dos EUA, principalmente com relação à Guerra do Vietnã, que segundo eles era um conflito que corroborava para o extermínio da população afro-americana (colocada nas frentes de batalha com frequência).


No ano da morte de Malcolm X, as leis Jim Crow foram revogadas. Era o fim da segregação constitucional nos estados do Sul. Porém, as coisas não mudariam totalmente a partir daquela data. Dentro de uma guerra impopular, o governo estadunidense colecionava críticas interna e externamente. A Guerra do Vietnã abria o caminho para uma nova geração de movimentos negros e de contracultura. (24)



1.3 O movimento após o fim das leis segregacionistas


1.3.1 The Black Panther Party


A extinção das leis segregacionistas e a morte de Malcolm X causaram turbulência no final da década de 60 e início da década de 70 nos EUA. O país vivenciava um contexto interno de "guerra contra a pobreza", promovido pelo presidente Lyndon Johnson (1963-1969), que tinha como objetivo utilizar os recursos provenientes da prosperidade econômica vivida pelo país após a Segunda Guerra para reduzir os índices de pobreza, atuando nas áreas da educação básica, saúde e qualificação de mão-de-obra para a indústria. Apesar dos esforços de Johnson, a comunidade negra que naquela época representava 10% da população norte-americana ainda se encontrava marginalizada e brutalizada pelas forças policiais. O movimento negro, durante esse momento delicado, se fortaleceu com a ideia de que eles não conseguiriam prosperar se não admitissem o apoio dos brancos. Os ideais emancipatórios defendidos pela corrente intelectual de Malcolm X que negavam o apoio branco foram minimizados em 1965:


Nós somos 10% da população deste país e seria tolo de minha parte vir aqui e lhes dizer que vamos conquistar nossa liberdade por nós mesmos. Terá de haver uma coalizão de consciências e não vamos libertar-nos nem aqui no Mississippi nem em parte alguma dos Estados Unidos até que haja uma empatia comprometida da parte dos brancos deste país e que eles venham a perceber, juntamente conosco, que a segregação os desonra tanto quanto aos negros. (25)

A partir desses novos contextos, e a fim de evitar a permanência de uma segregação informal causada pelas forças do Estado, os jovens visionários Huey Newton, Elbert Howard e Bobby Seale formaram, em outubro de 1966, no Estado da Califórnia, o Black Panther Party (Partido dos Panteras Negas), com o objetivo de criar uma união – pautada na ancestralidade - entre a população afro-americana e disseminar sua emancipação através de informação e luta. O grupo tinha uma orientação socialista e abordava pautas progressistas como o feminismo e o direito ao aborto. Defendiam também o uso de armas para todos os negros – para fins de autoproteção contra os abusos policiais , a isenção de impostos, a libertação de toda a população negra mantida em cárcere, o pagamento de indenização aos negros por séculos de exploração branca, principalmente durante o período escravista, e o cancelamento de todas as sanções da chamada "América Branca" – a monopolização do Estado por pessoas exclusivamente brancas. (26) Em 1968, durante os protestos contra a Guerra do Vietnã, o partido atingiu seu momento de maior popularidade, chegando a mais de cinco mil militantes. Entre eles, a maioria vinha de camadas sociais desprivilegiadas e viviam nos guetos de grandes cidades, muitos já possuíam registros na polícia, mesmo sem nunca terem cometido um crime. A principal característica de seus membros era o uso de roupas pretas, cabelos crespos e volumosos e o porte de armas, geralmente carregadas nas costas para intimidar os "porcos" (apelido dado aos policiais por membros do partido). Quando eles passavam por um grupo de policias rendendo pessoas negras, ficavam parados ao lado de braços cruzados, verificando se nenhuma força desnecessária seria utilizada contra os indivíduos abordados.


Não demorou muito para que as propostas do partido fossem atacadas pelo Estado e taxadas de radicais e terroristas, fazendo deles o principal alvo do aparelho repressivo norte-americano. Na madrugada do dia 28 de outubro de 1967, Huey Newton, o então líder dos Panteras Negras, foi preso sob a acusação de ter assassinado um policial durante uma abordagem. A história controversa, com testemunhas manipuladas, transformou Huey em um mártir. As ruas de várias cidades dos EUA foram inundadas por protestos pedindo a libertação do líder político, o slogan "Free Huey" (Libertem Huey) ecoou por todo o país e trouxe visibilidade para a causa. (27) A ativista e intelectual Angela Davis foi uma importante disseminadora das campanhas promovidas pelo partido.


Uma outra liderança expressiva do movimento foi Stokely Carmichael, jovem ligado ao SNCC (Comitê Coordenador Estudantil Não-Violento). Carmichael militou pelo partido dos Panteras Negras entre os anos de 1960 e 1970, dois de seus principais slogans eram: "Black Power" (Poder Negro) e "Black is beautiful" (Negro é belo). No final da década de 60, percebendo que os esforços revolucionários deveriam se voltar para a comunidade, o partido começou a organizar ações humanitárias. Lançaram uma campanha que concedia café da manhã gratuito para crianças de bairros pobres antes do horário da escola, chegando a servir vinte mil refeições por semana. O programa foi considerado um sucesso. (28) Fundaram também uma sede do partido na Argélia, principalmente por conta das intensas perseguições do governo. Lá, eles poderiam agir sem a vigia dos aparelhos repressores, e desenvolveriam suas novas ações políticas. Em meados dos anos 80, já sem fôlego em meio às contínuas perseguições do FBI, o partido acabou oficialmente. Percebendo esse recuo das lideranças pelos direitos civis, grupos extremistas voltaram a impor suas retóricas de forma contundente nos EUA. Sedes da Ku Klux Klan se espalharam pelo país e o conservadorismo foi se criando silenciosamente na política, manifestado por meio da xenofobia, do racismo estrutural e da guerra às drogas. (29)


Referências

1 Constituição dos EUA. Disponível em: <http://www.uel.br/pessoal/jneto/gradua/historia/recdida/ConstituicaoEUARecDidaPESSOALJNETO.pdf>.

2 PEREIRA, Wagner. Fábrica de entretenimento e máquina de propaganda. São Paulo: Alameda, 2012, pág. 160.

3 KARNAL, Leandro. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2017, pág. 142.

4 SCHWARCZ, Lilia e GOMES, Flávio. Dicionário da escravidão e liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, pág. 408.

5 Lynchings Whites and Negroes 1882-1968. Tuskegee Institute, as cited by University of Missouri-Kansas City School of Law. Disponível em: <http://law2.umkc.edu/faculty/projects/ftrials/shipp/lynchingsstate.html>.

6 Termo extraído do documentário "13ª Emenda". Disponível na plataforma de streaming Netflix.

7 ROMANELLI, Sandro Luís Tomás Ballende e TOMIO, Fabrício Ricardo de Limas. Suprema Corte e segregação racial nos moinhos da Guerra Fria. Revista Direito FGV, São Paulo, v. 13 n. 1, pág. 204-235, jan-abr 2017.

8 CARSON, Clayborne. A autobiografia de Martin Luther King. Rio de Janeiro: Zahar, 1998, pág. 294.

9 CARSON, Clayborne. A autobiografia de Martin Luther King. Rio de Janeiro: Zahar, 1998, pág. 69-70.

10 Montgomery Bus Boycott. The Martin Luther King, Jr. Research and Education Institute, Stanford. Disponível em: <https://kinginstitute.stanford.edu/encyclopedia/montgomery-bus-boycott>.

11 DE LUCA, Kevin Michael e HAROLD, Christine. Behold the corpse: violent images and the case of Emmett Till. Rhetoric & Public Affairs, v 8, n. 2, 2005, pág. 263-286.

13 COSGROVE, Ben. Hatred on the Home Front: The Detroit Race Riots During WWII. Revista Time, 18 jun. 2014. Disponível em: <http://time.com/3880177/detroit-race-riots-1943-photos-from-a-city-in-turmoil-during-wwii/>.

14 MARABLE, Manning. Malcolm X: uma vida de reinvenções. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, pág. 70.

15 CARSON, Clayborne. A autobiografia de Martin Luther King. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

16 Morehouse College. King Encyclopedia, The Martin Luther King Research and Education Institute, Stanford.

17 CARSON, Clayborne. A autobiografia de Martin Luther King. Rio de Janeiro: Zahar, 1998, pág. 29-30.

18 CARSON, Clayborne. A autobiografia de Martin Luther King. Rio de Janeiro: Zahar, 1998, pág. 73.

19 CARSON, Clayborne. A autobiografia de Martin Luther King. Rio de Janeiro: Zahar, 1998, pág. 78.

20 Primeiro grande discurso de Martin Luther King. In CARSON, Clayborne. A autobiografia de Martin Luther King. Rio de Janeiro: Zahar, 1998, pág. 79.

21 CARSON, Clayborne. A autobiografia de Martin Luther King. Rio de Janeiro: Zahar, 1998, pág. 319.

22 HALEY, Alex. Autobiografia de Malcolm X. Rio de Janeiro: Record, 1992, pág. 37.

23 HALEY, Alex. Autobiografia de Malcolm X. Rio de Janeiro: Record, 1992, pág. 173.

24 AYERBE, Luís. F. Estados Unidos e América Latina: a construção da hegemonia. São Paulo: UNESP, 2008, pág. 150.

25 CARSON, Clayborne. A autobiografia de Martin Luther King. Rio de Janeiro: Zahar, 1998, pág. 377.

26 ZAPPA, Regina e SOTO, Ernesto. 1968: eles só queriam mudar o mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 2008, pág. 97.

27 Trecho extraído do documentário “Panteras Negras: a vanguarda da revolução” (2015).

28 “27 fatos importantes sobre os Panteras Negras”. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/historia-dos-panteras-negras-em-27-fatos-importantes/>.

29 Termo extraído do documentário “13ª Emenda”. Disponível na plataforma de streaming Netflix.


Bibliografia

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FERNANDES, Eunícia Barros Barcelos. As palavras como linhas: Fernão Cardim. Revista Brasileira de História das Religiões, Universidade Estadual de Maringá, ano I, n. 3.

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SARTRE, Jean Paul. Prefácio. In FANON, Franz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978 [1961].

MEMMI, Albert. O retrato do colonizado, precedido pelo retrato do colonizador. São Paulo: Paz e Terra, 1977 [1957].

ZAPPA, Regina e SOTO, Ernesto. 1968: eles só queriam mudar o mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

HALEY, Alex. Autobiografia de Malcolm X. Rio de Janeiro: Record, 1992


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Caroline Sodré Viana é historiadora, professora de história e mestranda em ensino de história pela PUC-Rio.

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