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Guerra dos sexos ou luta política? – resenha capítulo 3

Atualizado: 13 de mai. de 2020



hooks, bell. Teoria feminista: da margem ao centro. São Paulo: Perspectiva, 2019 (1984). Tradução de Rainer Patriota.


Focar quase que exclusivamente na questão da ideologia e da prática da dominação masculina fez com que o feminismo se assemelhasse mais a uma declaração de guerra dos sexos do que a uma luta política para acabar com a opressão, diz hooks no capítulo "A importância do movimento feminista" em Teoria feminista: da margem ao centro


A mensagem passada pelas feministas de que “TODOS OS HOMENS SÃO INIMIGOS DE TODAS AS MULHERES” é, para a autora, reacionária. Em sua reflexão, coloca que a raiva pode ter sido um catalisador da resistência e da mudança individual, mas que não favoreceu a compreensão pública do significado do autêntico movimento feminista. No entanto, ela acredita que o próprio movimento pode pôr a fim à guerra dos sexos transformando as relações que evocam alienação e competição em relações de reciprocidade. Para isso, seria necessário construir um movimento feminista de massa, organizado desde a base e partilhando com todas as pessoas o significado positivo do movimento. Uma revisão de estratégia e de foco, mudar a direção. 


Qual diálogo insistimos em ter com as mulheres que rechaçam o termo “feminismo”? É preciso explicar às massas que desafiar a opressão sexista é um passo crucial na luta pela eliminação de todas as formas de opressão, como de raça e classe, e que esse desafio começa inclusive no âmbito familiar, onde o sexismo perverte e distorce a função positiva da família. Ao falar disso, hooks defende a família como estrutura de pertencimento, ambiente de cuidado e afirmação; seu desejo é retirar da vida familiar os abusos criados pela opressão sexista e não desmerecê-la. Ela conta que, politicamente, o Estado patriarcal toma a família como base para doutrinar seus membros com valores favoráveis ao controle hierárquico e à autoridade coercitiva.


Desse modo, o Estado possui um interesse em projetar a noção de que o movimento feminista irá destruir a família, outra notícia falsa de propaganda midiática negativa sobre o movimento. Isso dispersa a participação e aceitação por parte de mulheres e homens que não tiveram a oportunidade de conhecer o verdadeiro significado político do movimento feminista. Mas, para a autora, ao contrário do que se diz, o feminismo é o único movimento capaz de acabar com a opressão sexista e promover uma mudança social que irá fortalecer e preservar a vida familiar em todos os lares. A importância do movimento feminista está na solidariedade política.


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Carolina Lemos, geógrafa interessada na geopolítica das mulheres, tem 26 anos e estuda estratégias de organização e resistência social de mulheres no território em rede. Sapatão, suburbana e artesã (@artesasdevenus), faz da leitura e da escrita um verdadeiro ato político.

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