presilha
o coque firme
do dia inteiro
repuxando a raiz de todas
as coisas
firme
brilhoso
sem fio a por
sem fio a tirar
firme
a raiz de tudo presa
por entre os cabelos
com quantos grampos
se constrói
a perfeição?
com quantos grampos
se prende?
os cabelos ela os cabelos
ela os prende
às 5h ao espelho da pia
às 23h ao espelho da pia
frente a frente
quase não sozinha
quase sozinha
o gesto duplicado
enfim se acompanha
a fartura é só na mesa
nunca dentro do banheiro
nem do quarto
retira
um a um
os grampos
escorrem os fios
as mechas
o cabelo inteiro
desce do alto da cabeça
até os ouvidos
no vai e vem da escova
ela ouve os embaraços
e
chora
antes de se deitar
os trança
para que não a assustem
também
nos sonhos
_
Eduarda Vaz (Volta Redonda, 1997) é poeta, professora e revisora. Acredita que a voz, quando se faz palavra, dança. Por isso, escreve. É autora de Aresta (Macabéa Edições, 2017) e coautora de sussurro: cantos de chuvas (Editora Urutau, 2019). Já publicou poemas em revistas como Mallarmargens, Gueto, Lavoura, Odara e Zzzumbido. Licenciou-se em Letras Português/Espanhol pela UFRJ, onde hoje é mestranda em Literatura Hispânica.
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