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Foto do escritorEduarda Vaz

Vídeo-poema inédito: presilha, de Eduarda Vaz

Atualizado: 20 de abr. de 2020





presilha


o coque firme

do dia inteiro

repuxando a raiz de todas

as coisas

firme

brilhoso

sem fio a por

sem fio a tirar

firme


a raiz de tudo presa

por entre os cabelos


com quantos grampos

se constrói

a perfeição?


com quantos grampos

se prende?

os cabelos ela os cabelos

ela os prende


às 5h ao espelho da pia

às 23h ao espelho da pia


frente a frente

quase não sozinha

quase sozinha


o gesto duplicado

enfim se acompanha

a fartura é só na mesa

nunca dentro do banheiro

nem do quarto


retira

um a um

os grampos


escorrem os fios

as mechas

o cabelo inteiro

desce do alto da cabeça

até os ouvidos


no vai e vem da escova

ela ouve os embaraços

e

chora


antes de se deitar

os trança

para que não a assustem

também

nos sonhos


_

Eduarda Vaz (Volta Redonda, 1997) é poeta, professora e revisora. Acredita que a voz, quando se faz palavra, dança. Por isso, escreve. É autora de Aresta (Macabéa Edições, 2017) e coautora de sussurro: cantos de chuvas (Editora Urutau, 2019). Já publicou poemas em revistas como Mallarmargens, Gueto, Lavoura, Odara e Zzzumbido. Licenciou-se em Letras Português/Espanhol pela UFRJ, onde hoje é mestranda em Literatura Hispânica.

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