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Os bebês pelados, as senhoras, os mendigos e os deuses – poesia


Roy Litchtenstein ©



Os bebês pelados, as senhoras, os mendigos e os deuses


Os bebês e os moradores de rua 

ficam pelados em praças públicas

estão sempre a contar histórias

são pouco escutados e sentem fome


Os deuses e as senhoras que não saem de casa

acreditam conhecer todos os pisos,

amam gatos, ambrosia e decoração

e, quando falam, costumeiramente

rompem o silêncio que nos fascina


Aos vinte e um, acreditei estar mais próxima dos deuses 

e das senhoras que não saem de casa

que dos bebês e dos moradores de rua


Não que eu não fique pelada em praças públicas. Também não 

por me escutarem ou por sempre e felizmente 

me embuchar no restaurante universitário


Eu sempre estive com a minha avó, em casa. E vi poucos deuses, 

muitos eram tristes. Assim acreditei, cada dia mais, ser como

os deuses e as senhoras que não saem de casa 


Eu ainda não havia percebido que todo poeta como eu 

e não sei como escrevemos com esse salário mínimo

estava mais para uma senhora 

pelada na praça vazia

preparando sopas 

de estrelas 

cruas













Luíza Lima de Matos nasceu em Itabuna, no interior da Bahia, em 2002. É maquinista, poeta e estudante de Letras.

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